"Gente não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não-pronta, e vai se fazendo. Eu, no ano que estamos, sou a minha mais nova edição (revista e, às vezes, um pouco ampliada); o mais velho de mim (se é o tempo a medida) está no meu passado e não no presente."


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Vou me divorciar. E o meu filho(a), como fica? Parte 2

Devo me separar?

 Diversas pesquisas demonstram que hoje há uma mudança nas expectativas em relação ao casamento e nos papeis conjugais.
Uma das principais mudanças no contexto do casamento no seculo XXI é a valorização da subjetividade. O casamento, anteriormente, foi colocado como projeto principal de muitas pessoas porém hoje em dia, o foco está na valorização pessoal, sexual, profissional, ou seja, a valorização do sujeito como um ser diferenciado e que garante sua felicidade por si só. Logo, o casamento hoje ocorre em um ambiente onde se preza pela autonomia individual e pela diferenciação entre o casal e cada membro.O espaço é compartilhado mas a liberdade e autonomia deve ser preservada.
Ainda nesse contexto de preservação da individualidade, pode-se ver que os casais prezam pela reciprocidade e menos pela  obrigação, logo, não há mais a mesma força dada à frase "até que a morte nos separe'. Alguns estudiosos afirmam que no casamento hoje valoriza-se mais a intensidade do que a eternidade.
Muitos casais acreditam que para haver o casamento é necessário o amor(um conceito subjetivo), sendo este medido hoje em dia pela intensidade. Por essa concepção de amor, o relacionamento deve ser intenso  e quando não é, consideram que o amor acabou. Confunde-se paixão com amor.  Criam-se relacionamentos superficiais  e efêmeros, que criam laços mas laços frouxos que podem ser facilmente desfeitos. Formam-se  vínculos mas vínculos frágeis. Como alguns dizem, cria-se o amor liquido.
As pessoas se casam motivadas por fatores subjetivos como companheirismo, amor, segurança emocional e motivadas também por desejos e expectativas em relação ao companheiro. O peso maior está na relação e não no casamento em si como uma instituição. Não vai ser a família ou a sociedade que vai ter maior influencia nessa escolha e sim o que cada um percebe em relação a sua felicidade no casamento.
Ou seja, são suas expectativas e a do parceiro e fatores subjetivos que movem e mantém ou não o casamento.Resumindo, as pessoas não aceitam mais que o seu parceiro não corresponda às suas expectativas de felicidade e por isso rompem a união,
Quando um casal se separa é porque essa relação não corresponde mais às suas expectativas, aos seus desejos, seja porque o casal não quer mais lutar por essa relação, seja porque há desrespeito, seja porque os dois simplesmente não querem mais. 
Atente-se que independente do motivo,  todos os motivos indicam um problema visível: a separação física ocorre quando já há uma separação, um distanciamento afetivo entre o casal.O distanciamento em si não é o problema real mas sim consequência. No fim, cabe ao casal decidir o que fazer quanto a esse distanciamento e quanto as causas que levaram a ele. Não é fácil analisar o que esse distanciamento quer dizer, ainda mais em dias em que o superficial é a regra. Analisar requer que nos envolvamos nisso tudo e que vejamos nossos erros também, parar de culpar o outro e sair desse lugar de cima. Requer que nos façamos presente .
Tire um tempo pra você, passe um tempo com pessoas queridas, repense e esfrie a cabeça e tome sua decisão depois de tentar  ver mais de um angulo do seu problema.
Não tem problema em pensar e analisar o que te faz pensar no divórcio,na verdade, essa é uma das melhores estratégias : pare e pense (não fuja, fugir não vai solucionar nada). Contudo, não pense tudo de uma vez, vá com calma.Uma boa noite de sono pode nos ajudar a clarificar e entender melhor determinados aspectos. E por fim, converse com seu parceiro/parceira e escute o que ele/ela tem a dizer.


Algumas perguntas podem te ajudar a refletir sobre essa decisão:

      1)O que eu espero do casamento?
      2) Pergunte a si mesmo: minha expectativa em relação ao casamento é tão grande que me torna inflexível?
      3)O que me faz querer me separar?
      4)O que me faria continuar junto nesse relacionamento?
      5)Eu ou meu filho(a) estamos em perigo devido a esse relacionamento?
      6)Estou disposto a ouvir e flexibilizar se necessário?
      7)Meu parceiro(a) está disposto a ouvir e a flexibilizar se necessário?
      8)Como eu lido com os problemas que surgem no relacionamento?
      9)O que me faz feliz ? Quantas vezes por semana tenho feito algo que me faça feliz?


*Nesse momento, a terapia de casal pode ajudar e muito a identificar os problemas reais ( e não ficar preso em falas de acusações ) e ver possíveis soluções a esses conflitos. Mas para tal, é necessário que os dois se desprendam desse lugar de acusar o outro e se proponham a escutar e praticar a mudança. 


*Deixar de se separar por conta dos filhos não é garantia de um ambiente saudável e bom para os eles. Muitas vezes o casal continua junto mas briga constantemente, tornando o lar e as relações  destrutivas e transformando a família em um ambiente de guerra. O filho(s) não saberá qual lugar pisar dentro de casa sem que seja atingido pelas bombas que os pais jogam e não saberá como se proteger disso tudo. Mesmo se não for uma guerra declarada, o seu filho percebe que há algo errado e se nada é feito para mudar , é provável que piore.


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